Vamos até Belém?

 

Vamos até Belém?

Texto: Lc 1.15


E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber.


O evangelista Lucas registra com detalhes os acontecimentos que ocorreram por ocasião do nascimento de Jesus. Embora não mencione a estrela e os magos, traz outras informações bem esclarecedoras sobre a chegada do Salvador ao mundo. O palco de toda a cena está em Belém, cidade da Judeia não muito grande. Ninguém em Belém se deu conta que numa estrebaria qualquer da cidade nascia o Filho de Deus. No entanto, nos arredores de Belém durante a madrugada, um grupo de pastores que cuidavam de suas ovelhas foram surpreendidos por uma manifestação angelical anunciando-lhes o nascimento do Senhor. Após o desaparecimento dos anjos, os pastores foram tomados de um desejo intenso de irem até a cidade para ver o que tinha acontecido, por isso disseram uns aos outros: Vamos até Belém? 


I - Os pastores de Belém

A atividade de pastorear era um ofício comum em Israel naqueles tempos. Era assumida por homens simples, pobres e de pouca instrução. O trabalho de um pastor de ovelhas era bem cansativo, pois exigia que diariamente levasse o rebanho para lugares onde houvesse pastagens, água e exigia também que tivesse o cuidado para não perder nenhuma ovelha fosse através de animais ferozes ou pelo extravio. Então, por que justamente a esses homens rudes foi dada uma tão grande revelação? Por que não aos escribas e sacerdotes que eram homens letrados e conhecedores das Escrituras? Por que não no templo? 

a) Primeiro: é Deus que revela - Os pastores não saberiam se Deus não lhes tivesse revelado através dos anjos. Nada teria mudado para eles e aquela seria só mais uma noite ao relento cuidando de animais. Assim tem sido em toda a Escritura: Deus é o primeiro que se revela e busca o homem. O ser humano adora todos os tipos de “deuses” demonstrando seu desejo de conhecer o Ser divino, mas está sempre errando o alvo. Por isso, se não for a revelação vinda do céu, o homem nunca poderá conhecer o verdadeiro Deus (At 17.22-31). Deus se revelou a Noé, a Abraão, a Moisés, aos profetas (Hb1.1) e assim por diante ao longo da história. Por fim, se revelou através de seu filho que veio ao mundo em forma humana. E tem se revelado também através das Escrituras, sua revelação especial (Sl 19). É preciso deixar claro: essa é uma iniciativa divina e, de outro modo, o homem não poderá conhecer a Deus (Jr 29.13,14). 

b) Deus escolhe as coisas simples - Em seu célebre Sermão do Monte, Jesus disse: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5.3). Em outra ocasião, ergueu os olhos aos céus e disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve” (Mt 11. 25,26; Lc 10.21). Portanto, foi da vontade de Deus revelar aos pastores um acontecimento tão singular, aguardado por séculos em Israel. Isso não quer dizer absolutamente que o homem precisa ser pobre e analfabeto para que Deus se revele a ele, mas precisa ser humilde. É disso que o evangelho fala: de pessoas que entendam que nada tem de si mesmas, que dependem de Deus, o Pai celestial. Enquanto o ser humano pensa que pode e que sabe, ele está fechado para receber a revelação divina e permanece nas trevas da noite espiritual (Lc 2.8 - os pastores estavam na escuridão; 2 Co 4.3,4). A luz do evangelho raia somente para os pobres de espírito.


II - As Boas Novas

a) A aparição angelical - os pastores não esperavam ver o que viram, mas foram surpreendidos pela visita angelical. Eram homens comuns em sua labuta diária. Que lição interessante! Deus se revela quando menos se espera! Às vezes pensamos que Deus só fala conosco quando estamos na igreja ou orando. Deus fala conosco e se revela também em meio aos nossos afazeres diários, no trabalho, na escola, na faculdade, na rua, no transporte. Ele não precisa de templo ou formalidade para se manifestar a nós. 

b) A anunciação angelical - o anjo que aparece em primeiro, anuncia as boas novas do nascimento de Cristo aos pastores. Que grande notícia! Primeiro ele acalma os pastores que deviam estar assombrados com aquela aparição no meio da noite: “Não temais!” Em seguida prepara o espírito deles para o que vai anunciar: “eis que vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo”. E por último, a notícia: “Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Notícia dada em primeira mão! O anjo ainda deu a eles o sinal que serviria de prova da veracidade da notícia que haviam recebido: encontrariam o menino deitado numa manjedoura. Não seria difícil encontrar o menino com essas orientações. Eles não teriam que se dirigir às casas, mas ao estábulo (talvez da mesma estalagem onde não havia mais lugar). Outra coisa bem incomum: eles veriam o recém nascido deitado num cocho (manjedoura) onde os animais comiam. 

c) O coro angelical - os pastores mal conseguiram digerir a notícia para logo em seguida serem surpreendidos pela aparição de uma multidão de anjos que louvaram a Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens”! Que lindo cântico.


III - Uma tomada de decisão

a) Vamos até Belém - O que fazer diante de uma notícia tão alvissareira? Os pastores não tiveram dúvidas e decidiram ir até Belém. E foram apressadamente ! Afinal, Maria e José não permaneceriam muito tempo em Belém, nem naquele estábulo. Era uma oportunidade única. O que você também precisa fazer para  encontrar o Salvador? Vir ao seu encontro humildemente. Quantos ouvem a mensagem do evangelho mas não tomam a decisão de receber o Senhor em suas vidas. Ficam sempre protelando. Você precisa se apressar para encontrar a Cristo, pois não sabe se terá outra oportunidade. A Escritura é clara quando apela aos homens dizendo: “Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.15). Se não hoje, quando?

b) O que viram em Belém - Eles viram exatamente o que o anjo dissera: o menino enrolado num pano e deitado numa manjedoura. Eles tiveram o grande privilégio de contemplar o Cristo ainda recém-nascido, tão frágil e pequenino. Mesmo assim, eles creram porque conforme o anjo anunciou eles viram pessoalmente. Certamente eles se lembraram da profecia de Isaías: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado estará sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9.6). Os pastores eram testemunhas oculares da chegada do Príncipe da Paz ao mundo. Hoje somos convidados a testemunhar o nascimento do Salvador, não em Belém, ou numa estrebaria, mas em nossos próprios corações. Há lugar para o Senhor em seu coração? Ou ele está cheio demais como a hospedaria de Belém? O apóstolo João escreveu: “Porque Deus enviou seu Filho ao mundo para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O melhor de todos os presentes está a sua disposição, vai recusá-lo?

c) Testemunharam às outras pessoas - Lucas nos conta que os pastores, depois de terem visto o menino, divulgaram a palavra acerca dele. Isto é típico de quem encontra o Salvador: sair anunciando, divulgando a sua Palavra. É impossível conter a alegria e o prazer de testemunhar desse Jesus tão maravilhoso e daquilo que Ele faz em nossas vidas. Assim como Pedro e João disseram diante do Sinédrio: “Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). Nem as ameaças puderam calar os discípulos. 

d) Glorificaram a Deus - O desfecho dessa história não poderia ser outro: os pastores voltaram às suas atividades glorificando  e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto. A experiência vivida por eles resultou em adoração e louvor a Deus. 


O convite para ir até Belém ainda está de pé, pois a anunciação de que o Salvador já nasceu é a maior e melhor de todas as notícias. Simbolicamente ir até Belém é não desprezar a mensagem do Evangelho, é largar tudo para ir ao encontro do Senhor.



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